Big Brother Brasil, entretenimento ao nível da sociedade.

E começa mais um big brother brasil, o décimo em nove anos, o programa mais querido da televisão brasileira, e eu lhes digo o porque.
Nós temos esse habito de nos envolver com a vida alheia, de nos sentir atraídos pela vida do vizinho, de gostar de barracos e conflitos sociais mal sucedidos, Big Brother Brasil não poderia deixar de ser um prato cheio para nós, seres-humanos, que tanto amamos a vida alheia.
Quem se importa com a chuva ininterrupta que deixou vítimas por todo o Brasil, ou com a catástrofe mais recente ainda que deixou milhares de vítimas no Haiti, quem se importa com essas besteiras quando é só ligar a tv para "dar uma espiadinha" num grupo de jovens de classe media sem noção de ridiculo e de quebra poder ver umas bundas que em breve estarão nas capas das revistas masculinas?
As minhas mais sinceras boas vindas ao big brother brasil, o programa da família brasileira, que nos conecta um pouco mais com as futuras celebridades e sub-celebridades que farão parte das revistas de fofoca pelos próximos anos, até que a grande maioria caia no buraco-negro do esquecimento, destinado a todos que compõem essa gama de pseudo-artistas, pseudo-celebridades, pseudo-qualquercoisa.

Com essa mania de big brother, perdemos um pouco de privacidade.
Depois que vigiar a vida alheia se tornou um hobbie, parece que as pessoas se sentem mais a vontade pra falar qualquer coisa de qualquer coisa que não sejam eles, é o que ganhamos quando patrocinamos reality shows, milhões de pessoas passam a ter o poder de julgar uma dúzia de pessoas confinadas numa casa, todas lutando, não por um milhão de reais, mas pelos seus 15 minutos de fama. E o povo, diante disso, se sente privilegiado, pois agora nós temos a oportunidade, a chance, o poder de eleger um deles para alcançar a glória, e perdemos nosso tempo e dinheiro assistindo a isso, e ficamos horas votando naquele que nós acreditamos ser o melhor, e que vai ganhar a soma de 1 milhão de reais que nós estamos pagando, e do qual não veremos um centavo.
Pois é, essa é uma situação extremamente paradoxal, nós não conseguimos nos lembrar em quem votamos nas ultimas eleições, não sabemos sequer quem é o prefeito ou o presidente da nação, mas quem se importa com esses punheteiros?

Isso é absolutamente aceitável, o que me enoja são essas pessoas que abominam um programa tão inofensivo, hipócritas que nunca ligam a televisão pra nada e condenam um reality show e as pessoas que o assistem de maneira que nunca fizeram com o político corrupto que elegeram, mas que vão olhar a playboy da ex-bbb gostosa enquanto assistem em casa, escondidos da mãe, o programa mais querido da audiência nacional, que nada mais é que um estudo, e reflete o nível da cultura nacional. Pessoas assim, com esse tipo de preconceito barato e argumentos impertinentes não me impressionam nem um pouco.
Hipócrita sou eu que ouso falar da hipocrisia dos outros.

Nós seres-humanos nos divertimos em assistir a nós mesmos na nossa forma natural, a mais estúpida, crua, sexual, fútil e burra interação social é entretenimento para milhares de seres-humanos estúpidos, burros e fúteis, e outros nem tanto, que se sentem menos infelizes quando vêem uma dúzia de "semelhantes" interagindo débilmente, cercados por câmeras que transmite cada baboseira, cada pensamento fútil de cada um deles para toda a população brasileira depois da novela das 8.
Nós estamos apenas nos preparando para a próxima fase, onde será apresentado um programa totalmente novo, onde uma dúzia de jovens de classe média dessa vez ficarão confinados na penitenciária mais próxima condenados por roubo ou assassinato, uma dúzia de sociopatas drogados buscando a reinserção na sociedade em clínicas de reabilitação, outras dezenas de jovens mães solteiras, e de famílias sem pais. E o prêmio dessa vez nem passa perto da casa dos milhões, talvez alguns casos de loucura, alguns assassinatos, um ou dois suícidios, e desligamos a televisão satisfeitos com a fanstástica programação dessa noite.